Resenha: A Menina que Tinha Dons - M.R. Carey

11 de novembro de 2017


Ano: 2014 / Páginas: 384
Idioma: português
Editora: Rocco Fábrica231

Sinopse: Cultuado autor de quadrinhos e roteiros da Marvel e da DC Comics, entre eles algumas das mais elogiadas histórias de X-Men e O Quarteto Fantástico, o britânico M. R. Carey apresenta uma trama original e emocionante em sua estreia como romancista com A menina que tinha dons, lançamento do selo Fábrica231. Aclamado pela crítica, o livro se tornou um bestseller imediato na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos ao contar a história de Melanie, uma menina superdotada que faz parte de um grupo de crianças portadoras de um vírus que se espalhou pela Terra e que são a única esperança de reverter os efeitos dessa terrível praga sobre a humanidade. Uma comovente história sobre amor, perda e companheirismo encenada num futuro distópico.

Quando solicitei esse livro para Editora eu já tinha uma ideia do que esperar. Li algumas resenhas falando sobre o livro e fiquei interessada em saber como se passava essa história, já que se trata de um apocalipse zumbi onde uma criança é a protagonista principal, coisa que eu não gosto. Mas histórias de zumbi sempre me prendem e enfim, comecei a leitura. O que eu encontrei é muito diferente de tudo o que eu poderia imaginar.
"Quando a chave roda na porta, ela para de contar e abre os olhos. O sargento entra com sua arma e aponta para ela. Depois entram dois do pessoal do sargento, que apertam e afivelam as tiras da cadeira em volta dos pulsos e dos tornozelos de Melanie. Também tem uma tira para o pescoço; eles apertam essa por último, quando as mãos e os pés de Melenie estão totalmente presos, e sempre fazem isso de trás. A tira serve para que eles nunca tenham de colocar as mãos na frente do rosto de Melanie. Melanie às vezes diz, "Eu não mordo!" Ela diz isso de brincadeira, mas o pessoal do sargento nunca ri."

Melanie é uma menina, uma garota que está presa dentro de um complexo militar junto com outras crianças, no começo do livro, nós nos perguntamos o porquê de ela estar ali, o que ela fez para estar ali? Melanie é amarrada todos os dias, ela não recebe carinho, ela não recebe um abraço. Existe uma escola dentro desse complexo para ela e para as demais crianças, e todos os dias que ela vai para escola ela é amarrada em uma cadeira de rodas onde um soldado ou o Sargento Parks a leva até a sala de aula, e ela permanece assim durante a aula, toda amarrada na cadeira, ela e as demais crianças.

Melanie é inteligente, engraçada, faz piada com a própria situação em que ela vive. Ela não conhece outro lugar que não seja o complexo militar onde ela mora, a cela onde ela dorme, o corredor por onde ela passa todo dia para ir para a sala de aula e a sala de aula. Na sala de aula ela aprende tudo sobre tudo, mas suas aulas preferidas são a da Srta. Justineau, uma professora de quem ela gosta muito.  Melanie imagina as histórias que a professora conta para ela, e  quer viver aquilo, ela quer conhecer aquilo... só que ela não pode porque ela está presa dentro do complexo militar. 
Eu gostei muito da Melanie, só que a história não passa somente pelo ponto de vista dela. Depois de um certo tempo a gente começa a ver o ângulo de vista dos demais personagens e a história ficou um pouco massante para mim. Além da Melanie, nós vamos acompanhar o Sargento Parks, a Srta. Justineau e a Dra. Caldwell.
Partindo dessa premissa, o autor cria um enredo distópico com seres que já são conhecidos pelos leitores do gênero. É uma história diferente do que vemos por ai porque Melanie é uma criança, ela não sabe o que esperar desse mundo, ela não sabe o que o destino reservou para ela, não sabe o que ela é. Melanie é diferente das outras crianças, ela aprende rápido e sua imaginação é fértil. Ela nunca viu a luz do sol até certo dia em que a base é atacada e eles precisam sair dali, assim começa a aventura dos quatro até a próxima instalação Militar que fica em Beacon. A história toda se passa na Inglaterra e eu gostei muito dessa ambientação. Uma pena que a tradução deixou a desejar, encontrei várias frases traduzidas erroneamente.   

Eu gostei muito de conhecer a Melanie ela é uma protagonista que me deixou curiosa para saber qual seria o seu próximo movimento. Ela é uma Faminta, então se ela sentir o cheiro da carne humana, do feromônio humano ela vai atacar, mas ela se segura, ela se prende, ela faz o possível porque ela gosta muito da Srta. Justineau e não quer desapontá-la. Melanie é muito inteligente, ela presta atenção em tudo e ela acaba deduzindo o que ela é,  é muito interessante acompanhar essa parte porque o leitor vai descobrindo coisas junto com ela ao mesmo tempo que vamos seguindo também a narrativa dos outros personagens - Vamos acompanhando o que o Sargento Parks pensa em fugir com uma criança faminta no encalço deles pode provocar; o que a Dra. Caldwell pensa toda vez que olha para Melanie... mulherzinha fria e calculista viu? Eu não gostei nem um pouco dela, mas entendo seus atos, afinal, ela é uma cientista; e por fim, a Srta. Justineau que faz o possível para proteger Melanie, mas quem acaba sendo protegida é ela.
"Ela sempre foi uma boa menina. Mas comeu pedaços de dois homens e muito provavelmente matou os dois. Matou-os com os dentes."
Gostei muito da narrativa. É uma narrativa mais sucinta, sem muitas descrições. O autor vai direto ao ponto e explica o que está acontecendo. Tem várias citações científicas que explicam o porquê de ter acontecido esse apocalipse zumbi.
Enfim eu só posso indicar a leitura para quem gosta do gênero, não vá pensando que é um romance porque de romance esse livro não tem nada - carnificina mesmo, sangue, horror líquido - apesar de ter uma criança como protagonista é um Faminto então, uma hora ela vai atacar. O autor consigue deixar o leitor apreensivo esperando esse momento ou rezando para ele não acontecer, só que é a fisiologia dela, é o que ela é.

A capa é  linda, achei simples mas muito bem feita, por que descreve o que a gente vai encontrar aqui: uma menina mesmo, querendo um abraço, querendo ser tocada, querendo receber carinho uma coisa que ela nunca teve, que só ouviu falar. A diagramação é simples mas também bem feita, não encontrei erros de revisão só no sentido de tradução mesmo que ficou algumas coisas a desejar mas como um todo, o livro está maravilhoso. Vale a pena conferir, tenho certeza que vcs vão se encantar, por que é  uma história diferente e única.
“Quando a última lanterna se apaga, a escuridão cai sobre eles como um peso. Justineau fica acordada, olhando-a.
Parece que Deus nunca deu a mínima”.
Vou deixar abaixo o trailer do filme, porque tem um filme baseado nesse livro, só que eu já percebi que a Melanie do filme é diferente da Melanie do livro. A Melanie do livro é branca, muito branca, chega a ser quase Albina e a Melanie do filme é negra, então eu acho que vai ter um pouco de diferença como sempre. Nem todos os filmes seguem o livro, mas agora que eu terminei de ler o livro eu quero muito assistir o filme tirar minhas conclusões.





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